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Manuscrito de Pedro Saraiva
Manuscrito de Pedro Saraiva
O manuscrito abaixo, juntamente com algumas fotos e uma entrevista, foram enviados a mim por Maria José Fernandes da Costa, filha de Pedro Saraiva de Lima, que mora em Salvador-BA. Eu digitei o manuscrito mantendo a forma original da escrita usada pelo ilustre arariense, Pedro Saraiva, para nada alterar no teor desse importante documento histórico-arariense (Texto de Hilton Mendonça).  
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VIDA PARTICULAR DE PEDRO SARAIVA
 
Descrição da Vida Material de Pedro de Lima Saraiva
 
Nassy em 31 de janeiro de 1884, em casa de meus avós maternos, Bernardo Lourenço Lima e Joana Benedita dos Santos, ela já falecida nessa época; ele de ali a 9 anos faleceu. Os meus avós paternos, [são] Marcelino Saraiva e Raimunda Barbosa. Eu, filho legítimo de Basílio Antonio Saraiva e Dona Antonia Bernardina de Lima. Aos 8 meses de idade, meu pai morreu. Até a idade de 10 anos fui muito felis. Em 1894 minha mãe casou de segunda núpcias; dessa era até 1902, comi fogo e bebi fel. Em janeiro de 1902, fui aprender ofício de carpinteiro, com João Paulino Mendes. Com um ano e oito meses de aprendizagem, o mestre morreu. Já eu fiquei trabalhando por minha conta; as coisas milhoraram para mim. Em 23 de outubro de 1907, casei-me com Dona Margarida Fernandes Saraiva, filha legítima de Raimundo Fernandes e Anna Maria Chaves. No dia 24 do mesmo mês mudamo-nos para a primeira casa de nossa propriedade, ambos sem recursos; vivíamos do ofício de carpina. Em 1908 nasceu a primeira filha, no dia 29 de julho, as 6 horas da manhã (Rogaciana).
 
Em 9 de fevereiro de 1909 comesei a minha vida comercial, em Perimirim, com quinhentos mil reis, 500$0000, em mercadorias a prazo.
Em 8 de desembro de 1909, nasceu a segunda filha, Maria da Conceição, as 3 horas da madrugada.
Em 1910 vendi a minha casa do Perimirim e fiz outra na Rua do Tamarino, encontrando algumas dificuldades creadas por meu sogro.
Em 23 de outubro do mesmo ano mudei-me para a referida casa de minha propriedade, continuando a mesma vida comercial.
Em 29 de abril de 1911, nasceu a terceira filha, Antonia, as 3 horas da madrugada; no dia 31 de maio do corrente morreu, as 5 horas da manhã; no mesmo ano, sarampo atacou toda a família, mas não morreu ninguém.
Em 1º de julho de 1912, nasceu a quarta filha (Masolina), as 3 horas da madrugada. Em dezembro do mesmo ano, comprei um engenho com todos pertences do estabelecimento, por dois contos e quinhentos [mil reis] 2.500.000, do senhor Francisco Costa, localizado em Ubatuba, município de Victória, transportei para Ubatuba, município de Arary. Em 1913 fiz a primeira safra, moendo a força de animal e assim trabalhou até 1927.
Em 5 de desembro de 1914 nasceu o quinto filho, José Ribamar, 1 hora da madrugada. Em 16 de janeiro de 1915 faleceu Maria da Conceição, as 2 horas da madrugada, com a idade de 5 anos.
Em junho do mesmo ano Dona Gaída adoeceu gravemente; sofreu 5 anos e meses; melhorava 2 – 3 meses, tornava recair; restabeleceu-se em 1920.
De 1914 a 1918, eu atrapalhei-me muito com os meus negócios; fiquei devendo o que não possuía; em 1919 não devia mais nada a ninguém e nem dei prejuízo; Em 14 de agosto de 1926, casou-se a primeira filha – Rogaciana, com Custódio Bogéa.
Em março de 1928 comprei o engenho do Barreiro por 14.000.000, com as escrituras,[gastei] 1.2000.000; concertos no mesmo ano[gastei]: 1.000.000. Em junho, comprei caldeira e motor para o engenho S. Margarida por 4.500.000, com as despesas; até botar para trabalhar ficou por 7.000.000. No dia 6 de agosto nasceu o primeiro filho de Rogaciana, as 12 horas do dia, em uma 2ª feira. Em junho de 1929 fui intimado pelo senhor Aristides Bogéa, para tomar-me a máquina que disia ser sua, por que os ex-donos lhe eram devedores de uma certa importância, o que eu não sujeitei-me. Questionaram 2 meses sendo a causa decidida a meu favor. Depois da luta, começava a safra dos 2 engenhos; com poucos dias de serviço, a caldeira estragou a tubulação; passei toda cana para o engenho do Barreiro; esse partiu diversas rodas, mas fiz a safra toda.
Em 1930 estavam ambos preparados para trabalhar.
Em 29 de abril de 1929 nasceu a segunda filha de Rogaciana, as 2 horas da madrugada (Eliethe).
Em 17 de agosto de 1932, casou-se a dona Masolina com o senhor José Pedro; no dia 1º de setembro, embarcaram para S. Luís, onde residem. Em 3 de agosto de 1935 nasceu a primeira filha de Masolina, as 3 horas da madrugada (Elma).
Em abril de 1934, comprei um aparelho para beneficiar arroz, o que tenho gostado bastante.
Maria José Fernandes nasceu em 19 de novembro de 1925, minha filha natural.
Arary 6 de maio de 1935.